Um grande avanço no sentido da real compreensão do ser humano, em suas questões de saúde e doença, veio junto com a ampliação do critério de Saúde. Há pouco tempo chamava-se de Saúde a ausência de sintomas desagradáveis no aspecto físico, tais como dores, limitações varias, sensações, etc. Mais modernamente, ampliou-se essa definição para a também ausência de sintomas desagradáveis a nível psíquico, como ansiedade, raiva, tristeza, etc. Para a Medicina oficial, apenas do corpo físico, o correto, o foco, é fazer desaparecerem, da maneira mais rápida possível, os sintomas e os sinais desagradáveis do corpo do paciente pelo uso de medicamentos químicos (como os corticosteróides, os antibióticos, os antinflamatórios, etc., que apenas impedem os sintomas e os sinais de manifestarem-se), ou em situações extremas, extirpando-se a parte afetada.
Para a Medicina Psíquica o importante é que o paciente liberte-se, ou melhore da ansiedade, da tristeza, da mágoa, da raiva, etc., atualmente com o uso freqüente de substâncias químicas. Ambas as maneiras de encarar e tratar os doentes, dentro do seu ponto de vista, estão corretas, e são muitíssimo úteis, quando não imprescindíveis. Embora, na Medicina física, na maioria das vezes, sejam apenas ações paliativas, não se pode negar sua eficiência nas urgências e emergências, onde ela reina soberana. Mas, para curar realmente, numa ação mais profunda, ela não é apropriada, devido ao seu foco apenas físico.
Para a Psicoterapia Reencarnacionista, o critério de Saúde amplia-se enormemente, pois implica no compromisso da personalidade terrena com a sua Essência, ou seja, na nossa responsabilidade em relação ao projeto encarnatório evolutivo do nosso Eu Real. A ausência de sinais ou sintomas físicos ou psíquicos, ou a não percepção deles, não implica em Saúde, pelos critérios transpessoais. A visão do ser humano transcende a persona, aprofunda-se em seus aspectos espirituais e no grau de aproveitamento de sua encarnação, a partir dos objetivos evolucionistas. A visão habitual de saúde ou de doença extrapola, então, o corpo e o psiquismo, e os critérios abordados para o diagnóstico e prognóstico passam a ser as motivações existenciais, a compreensão da existência encarnada e das armadilhas. A avaliação é feita dentro de um critério personalidade terrena X Essência e o seu grau de oposição-conflito X cooperação-harmonia.
É interessante e conveniente para o paciente e para o terapeuta que a questão do tipo de doença e o local do corpo onde ela se instala sejam abordados em profundidade. A visão oficial não cogita o por que da manifestação desagradável estar instalada nos pulmões, no fígado, nos rins, nos olhos, nos ouvidos, na garganta, nas articulações, etc. É casualidade? Aquela pessoa padecer de dificuldades, carências ou hipertrofias num certo órgão não quer dizer nada? São sempre e somente as bactérias e os vírus? O que são as chamadas doenças auto-imunes? E as doenças de causa desconhecida? Tudo isso visto pela ótica do homem integral (corpo-mente-espírito) tem uma correlação perfeita, a ponto do terapeuta e o doente concluírem, depois de algum tempo de abordagem diagnóstica, que a manifestação patológica só poderia instalar-se ali mesmo. Tudo é evidente, desde que pesquisado corretamente, ou seja, além do corpo físico e além da personalidade aparente. Mas para isso, a Medicina do corpo físico precisará libertar-se de si mesma, de seus dogmas, e evoluir.
Devemos, conversando com o paciente, ver, escutar, e não apenas ouvir suas queixas físicas, pedir exames e dar um nome para sua doença. Devemos entender por que ele apresenta uma patologia nos olhos ou nos ouvidos ou no fígado ou no coração ou nos rins ou nas articulações ou nas mãos ou nos pés, entender a repercussão das suas questões mentais e emocionais no físico. E aí começa o tratamento. Por exemplo, é redundante, mas devemos lembrá-lo que os olhos servem para enxergar, os ouvidos para escutar, a garganta para engolir, etc. Pela medicina oriental entende-se a relação dos rins com o medo, dos pulmões com a tristeza e o abandono, do fígado com a raiva, do coração com o desamor, da bexiga com a mágoa, etc. E para que servem as mãos se não for para fazer as coisas que se deve fazer, tocar as pessoas, endereçar-se? E os braços, se não servirem como alavancas para a defesa de seus direitos, da manifestação da sua vontade? E as pernas, se não nos levarem para onde queremos ir? E os pés, se não nos ajudarem na sustentação diante das dificuldades da vida? Nas costas, podem esconder-se os dramas ocultos ou as cargas e as sobrecargas. As articulações endurecidas, o que são, se não o endurecimento e a rigidez? Os problemas digestivos, como as gastrites e as úlceras, finalmente começam a ser encaradas como conseqüência de stress, de um modo de viver equivocado, da ansiedade existencial, da dificuldade de enfrentar as vicissitudes da vida moderna, mas, apesar dos médicos já saberem disso, os tratamentos continuam sendo para o estômago, para o intestino. E o dono do estômago e do intestino?
A Psicoterapia Reencarnacionista vem sugerir uma novidade, que é a de que nós já nascemos (encarnamos) com uma personalidade formada, que é a continuação da encarnação passada, e que vem sob a forma de tendências para agir e reagir de um certo modo. Daí a constatação de que alguns reagem com raiva, outros com tristeza, outros com submissão, outros com rejeição e abandono, etc. A maneira de cada um de nós reagir afetivamente aos fatos desagradáveis do período intra-uterino e da infância, já vem em nós, é o que trazemos conosco e é o que devemos curar nessa encarnação. Além da questão fundamental do por quê? Ou seja, por que essa família? Por que esse pai? Por que essa mãe? E assim por diante.
É chegada a hora de todos nós, pessoas interessadas em nossos semelhantes, abrirmos nossos olhos e nossas percepções para a realidade que se avizinha, que se chama Holismo, ou seja, encarar o ser humano como um todo. Holismo quer dizer Todo, ou seja, não é algo contra algo, oficial versus alternativo, alternativo versus oficial. Conclamo meus colegas médicos, de todas as especialidades, os psicoterapeutas e os terapeutas "alternativos" de todas as linhas, que se unam em torno do objetivo principal da nossa atividade, que é o doente. Podemos antever um tempo em que o médico não será mais alopata ou homeopata, em que não se submeterá mais a nenhum rótulo paralisante, com os psicoterapeutas dialogando entre si, cada qual transmitindo os seus conhecimentos e suas novas descobertas a seus colegas, sem mais preconceitos ou ironias, os doentes recebendo atenções conjuntas para os seus diferentes corpos, seus diversos aspectos patológicos, equipes tratando do corpo físico, das emoções, dos pensamentos, dos aspectos espirituais dos pacientes, as clínicas e os hospitais contando com o auxílio dos médicos e dos curadores desencarnados, todos nós trabalhando, lado a lado, ombro a ombro, fraternalmente, amorosamente, em beneficio daqueles que sofrem, daqueles que são o motivo do nosso exercício profissional de amor e doação. Imagino os terapeutas do futuro conhecendo as mais variadas formas de tratar os doentes e suas doenças, através de uma visão bioenergética e integral, cada sofredor recebendo o que necessita naquele momento, sejam medicamentos químicos, sejam substâncias energéticas, seja um carinho, seja um conselho, seja uma cirurgia. Podemos imaginar o fim das disputas, das descrenças, das ironias, das visões limitantes, entre todos nós, curadores, em beneficio de quem não tem nada a ver com isso: os doentes.
E aí, nesse tempo, poderemos dizer que nosso planeta e a humanidade estão se curando e será um tempo de bonança e prosperidade, com o fim das disputas e das competições e com a generalização da fraternidade entre as pessoas. Aproxima-se o tempo em que o Reino dos Céus descerá para a Terra, trazendo consigo o Amor.
Mauro Kwitko é Médico, Psicoterapeuta, autor de 5 livros e Presidente da Sociedade de Psicoterapia Reencarnacionista.
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